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Saturday, December 20, 2014

POR QUE PRECISAMOS DE UM NOVO ÍNDICE PARA MESURAR O CRESCIMENTO ECONÔMICO GLOBAL?

Por que Precisamos de um novo Índice para Mesurar o Crescimento Econômico Global?


Os métodos mais utilizados para avaliação da performance econômica global dos países são, hoje, o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Porém, eles não levam em consideração muitos dos efeitos negativos do crescimento econômico, como a poluição, as alterações climáticas ou a redução dos recursos naturais e outros temas relacionados ao desenvolvimento sustentável. Em resposta a essa lacuna do PIB e do IDH, o Índice de Riqueza Inclusiva – IRI (Index Wealth Inclusive 2014), recém divulgado pela UNESCO, é um método alternativo para mesurar crescimento econômico sustentável. O relatório IRI analisa 140 países, incluindo os 20 primeiros países examinados no relatório anterior de 2012 (os países do G-20), durante as últimas duas décadas (1992-2010).

A história recente demonstra que o crescimento econômico baseado apenas no PIB não torna os países e suas respectivas economias mais resistente a choques econômicos globais. Muito pelo contrário. A crise financeira mundial de 2008 é a prova do que se afirma aqui. A noção de desenvolvimento sustentável inclui, dentre outros, justiça social, distribuição da renda, pleno emprego, segurança e saúde no ambiente de trabalho, proteção ambiental e bem estar socioeconômico. O IRI é índice com um modelo inovador para mesurar crescimento econômico tendo por fundamento alguns dos pilares do desenvolvimento sustentável. Assim, a diferença do IRI em relação aos outros índices tradicionais como o PIB por exemplo, é que ele baseia o crescimento econômico, fundamentalmente, em três fatores: capital produzido (investimentos em infraestrutura, maquinários e equipamentos), capital humano (habilidades técnicas, educação, saúde) e capital natural (recursos minerais e do subsolo, ecossistemas, atmosfera).
              
Para o IRI, capital humano (habilidades técnicas, educação, saúde) é a maior riqueza de um país e por isso representa um peso de 57% no índice. O IRI–2014 demonstra um resultado decepcionante para o crescimento global de capital humano correspondente a apenas 8%. Já o fator capital natural (recursos minerais e do subsolo, ecossistemas, atmosfera) – representando 23% do IRI – mostra uma redução de quase 30%, na soma total dos países analisados no relatório. O baixo crescimento apontado no fator capital humano e a diminuição significativa em relação ao fator capital natural são as principais causas do índice IRI indicar um baixo crescimento global inclusivo, nas últimas duas décadas. Enquanto o PIB indica um crescimento econômico global de 56%, o IRI aponta um crescimento de riqueza inclusiva de apenas 6%, no período. No caso do Brasil, o IRI indica crescimento econômico inclusivo de apenas 2%, nas últimas duas décadas, ao contrário do PIB que indica que o país teve um crescimento econômico de 40%, no período. Ainda, vários países que tiveram crescimento econômico positivo, segundo o PIB e o IDH, demonstraram redução drástica pelo critério de mensuração do IRI. A América Latina é um bom exemplo. É o caso do Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e da Venezuela. Os resultados do IRI demonstram a importância da busca pelos Governos de resultados de crescimento econômico que levem em conta o desenvolvimento sustentável. Todos são unânimes em afirmar os benefícios de um compromisso firme assumido pela comunidade internacional em prol da sustentabilidade. O grande desafio para a comunidade internacional está na definição de como será assumido esse compromisso e de quanto tempo será necessário para sua implementação efetiva. O IRI é um modelo novo e que tem por objetivo suprir essa lacuna em busca de um crescimento econômico mais sustentável.

Para acessar o Índice de Riqueza Inclusiva (Index Wealth Report), 2014, clique aqui.



Ligia Maura Costa. Professora Titular na FGV-EAESP. Faz parte do Conselho Consultivo Científico do Relatório Índice de Riqueza Inclusiva–2014.