Por que Precisamos de um novo Índice para Mesurar o Crescimento Econômico Global?
Os métodos mais
utilizados para avaliação da performance econômica global dos países são, hoje,
o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Porém,
eles não levam em consideração muitos dos efeitos negativos do crescimento
econômico, como a poluição, as alterações climáticas ou a redução dos recursos
naturais e outros temas relacionados ao desenvolvimento sustentável. Em
resposta a essa lacuna do PIB e do IDH, o Índice de Riqueza Inclusiva – IRI (Index Wealth Inclusive 2014), recém
divulgado pela UNESCO, é um método alternativo para mesurar crescimento
econômico sustentável. O relatório IRI analisa 140 países, incluindo os 20
primeiros países examinados no relatório anterior de 2012 (os países do G-20),
durante as últimas duas décadas (1992-2010).
A história
recente demonstra que o crescimento econômico baseado apenas no PIB não torna
os países e suas respectivas economias mais resistente a choques econômicos
globais. Muito pelo contrário. A crise financeira mundial de 2008 é a prova do
que se afirma aqui. A noção de desenvolvimento sustentável inclui, dentre
outros, justiça social, distribuição da renda, pleno emprego, segurança e saúde
no ambiente de trabalho, proteção ambiental e bem estar socioeconômico. O IRI é
índice com um modelo inovador para mesurar crescimento econômico tendo por
fundamento alguns dos pilares do desenvolvimento sustentável. Assim, a
diferença do IRI em relação aos outros índices tradicionais como o PIB por
exemplo, é que ele baseia o crescimento econômico, fundamentalmente, em três
fatores: capital produzido (investimentos em infraestrutura, maquinários e
equipamentos), capital humano (habilidades técnicas, educação, saúde) e capital
natural (recursos minerais e do subsolo, ecossistemas, atmosfera).
Para o IRI,
capital humano (habilidades técnicas, educação, saúde) é a maior riqueza de um
país e por isso representa um peso de 57% no índice. O IRI–2014 demonstra um
resultado decepcionante para o crescimento global de capital humano correspondente
a apenas 8%. Já o fator capital natural (recursos minerais e do subsolo,
ecossistemas, atmosfera) – representando 23% do IRI – mostra uma redução de
quase 30%, na soma total dos países analisados no relatório. O baixo
crescimento apontado no fator capital humano e a diminuição significativa em
relação ao fator capital natural são as principais causas do índice IRI indicar
um baixo crescimento global inclusivo, nas últimas duas décadas. Enquanto o PIB
indica um crescimento econômico global de 56%, o IRI aponta um crescimento de
riqueza inclusiva de apenas 6%, no período. No caso do Brasil, o IRI indica
crescimento econômico inclusivo de apenas 2%, nas últimas duas décadas, ao
contrário do PIB que indica que o país teve um crescimento econômico de 40%, no
período. Ainda, vários países que tiveram crescimento econômico positivo,
segundo o PIB e o IDH, demonstraram redução drástica pelo critério de
mensuração do IRI. A América Latina é um bom exemplo. É o caso do Peru,
Equador, Colômbia, Bolívia e da Venezuela. Os resultados do IRI demonstram a
importância da busca pelos Governos de resultados de crescimento econômico que
levem em conta o desenvolvimento sustentável. Todos são unânimes em afirmar os
benefícios de um compromisso firme assumido pela comunidade internacional em
prol da sustentabilidade. O grande desafio para a comunidade internacional está
na definição de como será assumido esse compromisso e de quanto tempo será necessário
para sua implementação efetiva. O IRI é um modelo novo e que tem por objetivo
suprir essa lacuna em busca de um crescimento econômico mais sustentável.
Para acessar o Índice de Riqueza Inclusiva (Index Wealth
Report), 2014, clique aqui.
Ligia Maura Costa. Professora
Titular na FGV-EAESP. Faz parte do Conselho Consultivo Científico do Relatório
Índice de Riqueza Inclusiva–2014.